Este foi o tema principal do encontro realizado na noite da última quinta-feira (29/08) no terceiro painel do Ciclo de Debates sobre os Sindicatos, realizado no auditório do Sindicato dos Bancários, no Centro de Porto Alegre. O evento, uma realização do escritório Paese, Ferreira e Advogados Associados em parceria com Castro, Osório, Pedrassani, Advogados, Rogério Viola Coelho Advogados, Antônio Vicente Martins Advogados Associados e o site Democracia e Mundo do Trabalho em Debate contou ainda com o apoio de diversos sindicatos e organizações de trabalhadores.
O expositor desta edição do evento foi o economista, presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Carlos Henrique Horn, que fez um apanhado da visão de grandes pensadores mundiais como os economistas Karl Marx, Frederick Hayek, James Medoff e Richard Freeman.
“São visões muito particulares e que precisam ser entendidas no contexto vivido por seus autores, mas são posições que nos dizem muito de como entendemos e compreendemos a atividade sindical na atualidade e como os economistas de uma maneira geral entendem estas organizações dos trabalhadores e seu papel na sociedade”, reforça Horn.
Conhecido por suas teorias, o alemão Karl Marx usa seu conhecimento de filósofo e cientista social, segundo Horn, para ter uma visão mais cética sobre o papel dos sindicatos. “Para Marx, o resultado desta discussão toda sobre as variações da jornada, intensidade e produtividade. O impacto disto tudo vai depender do poder de cada uma das partes envolvidas na disputa pela partição do valor criado que tende a se desequilibrar a favor do capital”.
Sobre Frederick Hayek, da escola austríaca, Horn explica que este pensador, em especial, traçou uma linha de frontal oposição ao trabalho dos sindicatos. Horn cita uma frase de Hayek publicada em 1984: “Para Hayek os sindicatos na Grã-Bretanha são o maior obstáculo na melhora da qualidade de vida da classe trabalhadora, a causa principal de diferenças desnecessariamente grandes entre os trabalhadores de melhor e os de menor remuneração, a fonte primária do desemprego e a principal razão para o declínio da economia britânica em geral”. Horn destaca que Hayek trouxe para a discussão entre os pensadores o conceito de coerção que, segundo, o austríaco faz parte da realidade sindical.
O professor da Ufrgs trouxe ainda para reflexão dos presentes ao encontro uma terceira visão sobre os sindicatos construída pelos economistas norte-americanos Richard Freeman e James Medoff. “Para eles os sindicatos são as principais instituições com que contam os trabalhadores na sociedade capitalista moderna. O sindicato desde que nasce, na opinião deles, já nasce sob o signo da controvérsia. Qual o resultado prático do papel dos sindicatos, qual o efeito da ação sindical no salário ou sobre o bem estar dos trabalhadores? perguntam eles e deixam a questão para que nós façamos uma reflexão”, exemplifica o professor Horn.
O encontro contou ainda com o debate do tema por parte dos advogados Rogério Viola Coelho e Marilinda Marques Fernandes.
O Ciclo de Debates tem o apoio da Associação dos Servidores do Grupo Hospitalar Conceição, da Associação dos Servidores da Ufrgs, do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, Sindiágua, Sindicato dos Radialistas do RS, Sindicato dos Farmacêuticos do RS, Sindicato dos Servidores Públicos do RS, Sindicato dos Servidores do Ministério da Fazenda, Sindicato dos Servidores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência no RS e Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no RS.
Fonte: Paese
Foto: Charles Soveral
Leia nosso artigo no site DMT: Uma visão portuguesa do movimento anarcossindicalista: do sindicalismo revolucionário ao olhar oblíquo de Malatesta e Pannekoek.