Trabalhadores latinos gastam até 4 horas para chegar ao trabalho

Os deslocamentos de casa para o trabalho e do trabalho para casa chegam a custar até duas horas de salário para os latino-americanos, que perdem entre três e quatro horas do dia nesses trajetos. O dado foi apresentado em janeiro por especialistas em evento copatrocinado pelo Banco Mundial, em Washington, Estados Unidos, para debater melhorias no transporte público.

A pesquisa aponta que, para os 400 milhões de usuários de transporte público em zonas urbanas na região, o trajeto até o local de trabalho é mais estressante que a jornada laboral. Segundo especialistas, um latino-americano pode chegar a perder entre três e quatro horas de seu dia no trajeto de casa para o trabalho e do trabalho para casa, em deslocamentos que chegam a custar o equivalente a duas horas de salário.

Como alternativa, surgem os sistemas de ônibus rápidos, com faixas exclusivas. O sistema está presente em 56 cidades latino-americanas e transportam 19 milhões de passageiros por dia – uma média de seis a cada dez usuários de transporte público. No total, são 4 mil quilômetros mundiais de corredores destinados a este meio, segundo o Embarq, programa de transporte urbano sustentável e planejamento do Instituto de Recursos Mundiais.

Um dos sistemas mais antigos na região é o Transmilenio, de Bogotá, na Colômbia, que leva quase 1,6 milhão de passageiros por dia, ou quase 27% da demanda do transporte público da cidade. Para os usuários desse sistema, o tempo de viagem caiu em quase um terço, e o percurso se tornou mais seguro: os acidentes nos corredores do Transmilenio diminuíram em 90%.

Na Cidade do México, por exemplo, os engarrafamentos obrigam 20% dos trabalhadores a passarem mais de três horas por dia se deslocando para seus locais de trabalho. A Linha 3 do Metrobús representou uma economia de 142 milhões de dólares só em tempo de viagem, recuperando o valor financeiro das horas perdidas de produtividade.

“Os sistemas confiáveis de transporte público permitem que todos os moradores se beneficiem do crescimento econômico de uma cidade”, comenta José Luis Irigoyen, especialista em transportes do Banco Mundial. Além disso, tornam uma cidade mais atraente para os investidores, criando-se assim mais oportunidades de emprego, acrescenta ele.

Já o sistema Metropolitano de Lima, no Peru, é o único da região que opera com gás natural veicular, ambientalmente inofensivo. O sistema, em operação desde 2010, permitiu a destruição de 790 ônibus velhos e poluentes, o que corresponde a 26.500 toneladas de gases do efeito estufa a menos sendo emitidas nas ruas limenhas.

Mais ao sul, a avenida mais larga do mundo – a 9 de Julho, em Buenos Aires – estreou em 2013 dois sistemas de ônibus rápidos que se somaram ao já existente na avenida Juan B. Justo. Essa iniciativa, junto com o sistema de bicicletas compartilhadas e um plano para priorizar o pedestre, renderam neste mês à capital argentina o prêmio mundial de Transporte Sustentável 2014.

Fonte: Instituto Observatório Social

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