Sofrimento e suicídio de trabalhadores

Este é um dos temas debatidos no XIII Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho (ABET), entidade que desde sua fundação, em 1989, procura refletir sobre as questões mais instigantes do chamado mundo do trabalho.

Na aula magna de abertura do evento, ocorrida ontem no teatro do Museu Oscar Niemeyer, foi proferida uma palestra da professora e socióloga francesa da Universidade Paris X – Nanterre e pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa Científica (Centre National de la Recherche Scientifique – CNRS), Danièle Linhart.

Danièle abordou o tema que tem sido objeto de suas pesquisas e que tem se revelado um grande problema na sociedade francesa que é o suicídio de trabalhadores decorrente de um constante assédio psicológico nos locais de trabalho. O tema, fruto de uma pesquisa que coordenou para a ANR (Agence Nationale de Recherche/Agência Nacional de Pesquisa), entre os anos de 2007 a 2010, aborda a complexidade do sofrimento a que são submetidos os trabalhadores. “A pressão por resultados, pela eficiência é tanta que muitos trabalhadores e trabalhadoras simplesmente não resistem e decidem dar um fim a suas vidas, pois se consideram fracassados”, denuncia Danièle.

Ao lembrar que as relações de trabalho são muito mais complexas hoje do que há duas ou três décadas atrás, a pesquisadora francesa assinala que é preciso que os coletivos de trabalho se organizem para fazer frente às novas ameaças não somente ao emprego, mas também à sanidade física e mental dos trabalhadores. “Não devemos apenas tratar das questões salariais, mas, principalmente, da qualidade de vida dos trabalhadores”, alerta ela.

Danièle explica ainda que os crescentes casos de suicídio são o resultado de significativas transformações no sistema de produção das empresas francesas que promovem reformas sistemáticas, reestruturações de serviços com descentralização mais recentralização, redefinição de profissões, relocações, deslocalizações geográficas que, segundo ela, impedem que os trabalhadores tenham laços de cumplicidade com seus colegas, com os chefes e clientes, o que rompe suas referências, sacode seus hábitos, criando insegurança.

Fonte: DMT

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