Pesquisa realizada pelo Dieese em São Paulo e Porto Alegre, a pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT), revela que o trabalho infantil atinge 1,3% das famílias da capital paulista e 0,8%, na gaúcha. Em famílias em que o(a) chefe não tinha ensino médio completo, não era ocupado(a) ou trabalhava como autônomo(a), 17% dos jovens entre 15 e 17 anos trabalhavam, perpetuando assim o ciclo de dependência e exclusão.
Os resultados foram apresentados no final de fevereiro durante o Fórum Paulista de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, no auditório do MPT, em São Paulo.
A procuradora do MPT Elisiane Santos afirmou que, com a “reforma” trabalhista e a terceirização irrestrita que foram aprovadas pelo governo Temer, a tendência é de um impacto ainda maior no trabalho infantil, dada a retirada de direitos e a fragilidade dos vínculos trabalhistas.
De acordo com a entidade, para combater o trabalho infantil é preciso igualdade de gênero, acesso à educação e políticas públicas de transferência de renda.
Para a coordenadora da Pesquisa de Emprego e Renda do Dieese Lúcia Garcia, o trabalho infantil cria um “problema intergeracional” grave. “O problema é que essa geração que abre mão do brinquedo, da infância e da escola, é uma geração que já encontra, de saída, um boicote ao seu desenvolvimento”, afirmou ao repórter Jô Miyagui, para o Seu Jornal, da TVT.
O programa Bolsa Família, que condiciona o recebimento do auxílio à frequência escolar foi apontado como uma das formas de combater o trabalho infantil. “Quanto mais autossuficiente a unidade familiar, menos ela depende da presença de crianças e adolescentes no trabalho”, aponta Lúcia.
Fonte: Rede Brasil Atual