Por Sérgio Gischkow Pereira – desembargador aposentado.
Tido como um dos países dos sonhos, a Suíça recebe o dinheiro sujo dos corruptos e dos ditadores. A organização criminosa japonesa Yakusa infiltra seus tentáculos na esfera privada e pública. O Deutsche Bank vai pagar multa de US$2,5 bi, por sua participação no escândalo das manipulações da Taxa Libor (Valor Econômico, 24.04.15, p. C12). O banco suíço UBS assinou acordo de leniência com o CADE, para entregar provas de que as taxas de câmbio foram manipuladas no Brasil, entre 2009 e 2011; ficaram sob investigação bancos dos mais conhecidos do mundo (Valor de 03.07.15, p. C8; não há espaço para nominar todos). Vários destes bancos já pagaram valores gigantescos para compensar o que fizeram antes da crise de 2007/08.
As principais agências de classificação de risco do mundo avaliaram no nível AAA as instituições que desencadearam a crise financeira de 2007/2008, que desempregou milhões de pessoas. Os “especialistas” do Goldman Sachs rechearam os bolsos apostando na desvalorização de seus próprios papéis, carimbados com grau de investimento pelas referidas agências (Luiz Gonzaga Belluzo, Valor , 7.4.15, p. A11). O Financial Stability Board situa os ativos dos emprestadores não bancários em estratosféricos US$ 75 trilhões, cinco vezes o tamanho do PIB americano (Valor , 1°.5.15, p. D3).
Enquanto isto, 900 mil pessoas, no Reino Unido, passaram a depender dos chamados “bancos de comida”, versão britânica do “sopão dos pobres” (Clóvis Rossi, Folha de S.P., 7.5.15, p. A10). Em determinadas áreas do Canadá, há forte atuação de grupos criminosos. Mendigos e prostitutas em grande número são vistos nas maiores cidades europeias (só não vê quem faz turismo asséptico). Este rol seria interminável.
Tudo isto não é lembrado pelos portadores do complexo de vira-lata: problemas só existem no Brasil. Se se trata da corrupção, por exemplo, destacam o negativo, sem salientar o bom funcionamento das instituições que a vem combatendo, como a Polícia, o Ministério Público e o Judiciário.