A juventude brasileira é uma juventude trabalhadora e suas taxas de participação no mercado de trabalho são elevadas. Também é elevada a proporção dos que buscam conciliar estudos e trabalho ou que transitam de uma situação a outra, disse a Diretora do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, em reunião realizada nesta cidade para discussão da Agenda Estadual de Trabalho Decente para a Juventude.
A ampliação da presença dos jovens na escola não eliminou a experiência do trabalho o principal efeito do aumento dos anos de escolarização até agora foi o de reduzir o trabalho na adolescência (15 a 17 anos). Ainda assim 29,6% estão na População Economicamente Ativa (PEA) – em 1998 essa cifra era de 45%.
Laís Abramo destacou que a entrada dos jovens no mercado de trabalho é fortemente marcada pelas desigualdades sociais. Isso porque o trabalho é mais intenso entre os jovens das famílias mais pobres; poucas vezes é exercido nas condições protegidas pela Lei de Aprendizagem e, muitas vezes, equivale às piores formas de trabalho infantil e adolescente (proibidas até os 18 anos).
A partir dos 18 anos, a diferença principal não está na disposição para o trabalho, mas sim nas chances de encontra-lo e nas condições em que ele se exerce. Os jovens de baixa renda são os mais afetados pelo desemprego e piores condições de trabalho, muitas vezes sem completar o ensino fundamental. Os jovens com renda mais alta, por outro lado, tendem a ser menos afetados pelo desemprego e encontram melhores empregos.
“O desemprego e a informalidade não atingem apenas os jovens de baixa renda. É fundamental considerar as desigualdades de gênero e raça/etnia na análise do tema e na definição de políticas e estratégias para enfrentá-las”, disse a Diretora da OIT.