Ao final de cada ano, cada um de nós se depara com uma sensação de que tudo passou muito rápido. Sensação acentuada, cada vez mais, pela velocidade que impregna os tempos cibernéticos por onde trafegamos nossa vida e nossos sonhos.
Ao final de cada ano fica em nós um sentimento nostálgico, por este ou por aquele acontecimento que nos encantou ou que nos despertou para as lutas que se foram travando. Neste ponto, 2013 foi rico aqui no Brasil. Os movimentos populares de junho mostraram para nós e para o mundo que povo brasileiro é um povo de luta. Houve quem dissesse que o gigante despertou, isto só para quem vive alienado da luta dos sem terra, dos sem teto, dos índios, dos desempregados e de todas as demais frentes de luta que nunca deixaram apagar a luz da rebeldia, da insurgência e daqueles que sabem que só na luta se vence o opressor.
O ano de 2013 deixa também em mim, portuguesa, um sabor amargo ao ver o meu povo vivendo tempos de desemprego, de carestia, de ataque sistemático aos direitos sociais e trabalhistas, subordinado a esse ente supranacional chamado Troika (União Europeia, Banco Central e FMI) e despossuído desse capital fundamental que é a esperança. Na verdade, faz parte da nossa idiossincrasia uma certa tendência para o fado, para a fatalidade, mas, por sorte, começa a soprar uma certa aragem ao nos manifestarmos, movidos pela certeza de que todo beco tem saída.
Esperamos, assim, um 2014 fortalecido pelas lutas por nós vividas durante este ano. Enfrentaremos, em Portugal, a crise e a quebra de direitos, sem trégua, certos de que dias melhores virão. No Brasil, teremos uma nova eleição para a presidência. Apesar de sabermos que dificilmente se conseguirá a transformação da sociedade por via do voto, desejamos, contudo, que se aproveite esse tempo para colocar em pauta um verdadeiro programa de governo e que se discuta, ao longo da campanha, a viabilização de um Brasil mais justo, mais igual e mais solidário. Que se diga não às promessas dos marqueteiros e que se reponha a política no lugar que ela merece, como espaço privilegiado de promoção dos interesses coletivos e de respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos.
Um novo ano é sempre um tempo de sonho e de perspectiva de lutas, pessoais e coletivas, que trazem em si um enorme sorriso para a vida e a certeza de que tudo é possível!
Que venha o 2014!
Saudações libertárias.